segunda-feira, 20 de junho de 2016

No seu tabernáculo A fez habitar

R. No seu tabernáculo A fez habitar
Maria no eterno pensamento divino
Pode-se dizer que no tabernáculo de Deus habitou Maria, em virtude da excelência de sua eterna predestinação.
“A Santíssima Virgem, na qual tudo é maravilha, antes de aparecer neste mundo, na realidade de sua vida terrena, teve, por singular privilégio, uma existência antecipada. Deus concedeu-Lhe a honra da pré-existência.
“Ora, a forma mais esplêndida desta pré-existência é, certamente, aquela de que Maria gozou no seio de Deus, antes de todos os tempos. Desde toda a eternidade, esteve Ela no pensamento de Deus, vivia no coração de Deus, em razão de sua incomparável predestinação.
“Sem dúvida, todas as criaturas, que foram e que serão, vivem desde toda a eternidade no pensamento de Deus, como em seu arquétipo vivo e infinito, posto que em Deus não há nem antes, nem depois. Porém, segundo nossa maneira de compreender, no pensamento de Deus vive, de modo particular e especialíssimo, a Santíssima Virgem”84.
V Protegei Senhora, a minha oração.
R. E chegue até Vós o meu clamor
Maria tudo obtém de Jesus Cristo, em nosso favor

“Tudo quanto a Virgem Santíssima pede em favor dos seus servos, obtém, com certeza, de Deus”. Esta sentença é de Santo Afonso de Ligório. “Meditai — prossegue ele, citando Boaventura Baduário — na grande virtude que tiveram as palavras de Maria na Visitação. Pois que à sua voz foi conferida a graça do Espírito Santo, assim a Isabel como a João, seu filho, segundo notou o evangelista. [...]
“Vencido pelos rogos de Maria, concede Cristo seus favores. Pois, no parecer de São Germano, Jesus não pode deixar de ouvir Maria em tudo o que Lhe pede, querendo nisto quase obedecer-Lhe como sua verdadeira Mãe. [...] Busquemos a graça, mas busquemo-la por meio de Maria, repito com São Bernardo, em continuação às palavras da Virgem a Santa Matilde: «O Espírito Santo encheu-me de toda a sua doçura e tomou-me tão cara a Deus, que quantos por meu intermédio pedem graças a Ele, todos certamente as obtêm». [...]
“Não nos apartemos jamais dos pés desta tesoureira de graças, dizendo-Lhe sempre com São João Damasceno: «Ó Mãe de Deus, abri-nos as portas da vossa misericórdia, rogai sempre por nós, pois são vossas preces a salvação de todos os homens». Recorrendo a Maria, o melhor será pedir-Lhe que rogue por nós e nos obtenha aquelas graças, que reconhece mais convenientes à nossa salvação” 85
Onipotente intercessão
Tanto mais devemos implorar esse patrocínio de Nossa Senhora, quanto é ele onipotente. Assim o explica, em conformidade com o ensinamento dos Santos e dos doutores eclesiásticos, o ilustre teólogo dominicano, Fr. Garrigou-Lagrange:
“O senso cristão de todos os fiéis estima que uma mãe beatificada conhece no Céu as necessidades espirituais dos filhos que ela deixou sobre a Terra, e intercede pela salvação dos mesmos. Universalmente na Igreja, os cristãos se recomendam às orações dos Santos chegados ao termo da viagem. [...) 0 Concílio de Trento (sess. XXV) definiu que os Santos no Céu rogam por nós e que é útil invocá-los. [...]
“Jesus Cristo vivendo sempre, não cessa de interceder por nós”, diz São Paulo (Hebr. VII, 25). Ele é, sem dúvida, o intercessor necessário e principal. Mas a Providência e Ele mesmo querem que recorramos a Maria, a fim de que as nossas orações apresentadas por Ela tenham mais valor.
“Em sua qualidade de Mãe de todos os homens, Nossa Senhora conhece todas as necessidades espirituais destes, e o que concerne à sua salvação; em virtude de sua imensa caridade, Maria intercede por eles. [...}
“Esta oração da Santíssima Virgem é onipotente. Por isso a Tradicão A proclama omnipotentia supplex — a toda poderosa na ordem da súplica. […]
“Bossuet, em seu Sermão sobre a Compaixão de Maria, assim se exprime: «Intercedei por nós, ó Bem-aventurada Maria: tendes em vossas mãos, se ouso dizê-lo, a chave das bênçãos divinas. É vosso Filho esta misteriosa chave mediante a qual são abertos os cofres do Padre Eterno. Ele fecha, e ninguém abre; Ele abre, e ninguém fecha. É seu inocente Sangue que faz derramar sobre nós os tesouros das graças celestiais. E a quem dará Ele mais direito sobre esse Sangue, senão Àquela da qual Ele tirou todo seu Sangue? De resto, viveis com Ele em uma tão perfeita amizade, que é impossível não sejais atendida». Basta, como diz São Bernardo, que Maria fale ao coração de seu Filho. [...]
“Vê-se, com isso, que a intercessão de Maria é muito mais poderosa e mais eficaz que a de todos os outros Santos reunidos, pois eles nada obtêm sem Ela. Sua mediação permanece sujeita à d’Ela, que é universal, embora sempre subordinada, por sua vez, à de Nosso Senhor Jesus Cristo” 86
Oremos:
Santa Maria, Rainha dos Céus, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e Dominadora do mundo...
As invocações iniciais desta oração que se repete em todas as horas do Pequeno Ofício, nos recorda alguns dos principais títulos com que honramos a Virgem ao longo deste saltério, comentados em seus respectivos lugares. Em seguida dizemos:
... que a ninguém desamparais nem desprezais; ponde, Senhora, em mim, os olhos de vossa piedade; e alcançai-me de vosso amado Filho o perdão de todos os meus pecados...
Olhos sobremaneira misericordiosos
Com grande afeto dirigia, certa vez, Santa Gertrudes estas palavras Nossa Senhora: “Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei”. Apareceu-lhe então a Virgem Santíssima com o Menino Jesus nos braços, e mostrando-lhe os olhos de seu Divino Filho, disse: “Estes são meus olhos sobremaneira misericordiosos que posso proveitosamente inclinar sobre quantos me invocam, enriquecendo-os com abundante fruto de salvação eterna”
Semelhante é o exemplo que registra Santo Afonso, em seus comentários à Salve Rainha: “Chorando certa vez um pecador diante de uma imagem de Maria, e pedindo-Lhe que lhe alcançasse de Deus o perdão de seus pecados, viu a Bem-aventurada Virgem voltar-se para o Menino que tinha nos braços e Lhe dizer: «Filho, perder-se-ão estas lágrimas?» Reconheceu o infeliz que Jesus Cristo lhe concedera o perdão.
“E como poderia perecer quem se encomenda a esta boa Mãe? Não Lhe prometeu seu Divino Filho usar de misericórdia por seu amor e segundo seu desejo, para com todos os que a Ela recorrem? Tal foi a promessa que Santa Brígida ouviu o Senhor fazer à sua Mãe. [...1
“Se, por causa de nossos pecados, nos invadir a desconfiança, digamos com Guilherme de Paris: «Ó Senhora minha, não me lanceis em rosto meus pecados, porque lhes oporei vossa grande misericórdia. Jamais se diga que minhas culpas puderam contrabalançar no juízo a vossa misericórdia. Pois esta é muito mais eficaz para obter-me o perdão, que todos os meus pecados para valerem-me a condenação»” 88
Maria reconcilia os pecadores com Deus
No mesmo sentido se exprime o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Nossa Senhora tem olhos de misericórdia, e um simples olhar d’Ela pode nos salvar. Sua doçura é invariável, seu auxílio ilimitado, pronto a nos atender a qualquer momento, sobretudo nas dificuldades de nossa vida espiritual. Estas costumam ser de duas ordens.
“Em primeiro lugar, a crise que se poderia chamar clássica, quando a pessoa se sente tentada e, portanto, hesitante entre o bem e o mal, com a possibilidade de ser arrojada no precipício do pecado de um momento para outro. É bem evidente que Maria é nosso auxilio, na plenitude do termo, nessas circunstâncias.
“Contudo, a solicitude da Mãe de misericórdia se volta também para aquele que se encontra em apuro espiritual muito mais grave, e que se traduz por esta súplica: «Minha Mãe, eu, sucumbindo ao peso da tentação, não andei bem. Pequei. Tenho o receio de me habituar ao pecado e de nele me embrutecer Por outro lado, imensa é a minha vontade de me regenerar. Sei que não mereço a vossa proteção; mas, porque sois a Auxiliadora de todos os cristãos, não apenas dos bons, senão até dos mais miseráveis, peço-Vos: vinde e auxiliai-me».
“Portanto, nessa visualização, é o próprio fato de se ter caído em pecado que se alega diante de Nossa Senhora, como razão para obter seu socorro. E o desamparado que encontra no seu infortúnio o motivo pelo qual deve implorar a misericórdia de Maria.
“E está na missão da Santíssima Virgem, é o movimento profundo de seu coração materno, reconciliar os pecadores com Deus. Porque a Mãe tem bondades, ternuras, indulgências e paciências que outros não possuem. Ela pede, então, ao seu Divino Filho por nós, e nos obtém uma série de graças, um sem número de perdões que jamais alcançaríamos sem a sua intercessão” 89


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