sexta-feira, 3 de março de 2017

Belo íris celeste

Belo íris celeste
A Terra retornara à sua normalidade, depois da grande e terrível inundação do dilúvio. Noé, juntamente com seus filhos e todos os animais salvos do castigo, haviam desembarcado. Iria recomeçar a história do mundo.
Após abençoar ao seu fiel servo, Deus disse a Noé (Gen. IX, 9-17):
“Eis que vou fazer minha aliança convosco e com a vossa posteridade depois de vós, e com todos os animais viventes, que estão convosco, tanto aves, como animais domésticos e animais selváticos, que saíram da Arca, e com todas as bestas da Terra. Farei a minha aliança convosco, e não tornará mais a perecer toda a carne pelas águas do dilúvio, nem haverá mais para o futuro, dilúvio que assole a Terra.
“E Deus disse: Eis o sinal da aliança, que faço entre Mim e vós, e com todos os animais viventes, que estão convosco, por todas as gerações futuras: Porei o meu arco nas nuvens, e ele será o sinal da aliança entre Mim e a Terra.
“E, quando Eu tiver coberto o céu de nuvens, o meu arco aparecerá nas nuvens, e me lembrarei da minha aliança convosco e com toda a alma vivente que anima a carne; e não voltarão as águas do dilúvio a exterminar toda a carne (que vive). E o arco estará nas nuvens, e Eu o verei, e me lembrarei da aliança eterna que foi feita entre Deus e todas as almas viventes de toda a carne que existe sobre a Terra.
“E Deus disse a Noé: Este será o sinal da aliança que eu constituí entre Mim e toda a carne (que vive) sobre a Terra.”
A Imaculada Conceição: princípio da era de paz entre Deus e os homens
Se, pois, um lindo e diáfano arco-íris nos evoca o solene pacto estabelecido entre Deus e os homens viventes, deve aquele nos recordar, também, a Santíssima Virgem, de quem é harmoniosa figura.
Com efeito, o íris de bonança “encerra um simbolismo de reconciliação entre Deus e os homens, e de paz, quer historicamente (Gênesis), quer literariamente. Os dois caracteres que nele se encontram — beleza e pacificação — vemo-los realizados em Maria, na sua imaculada beleza que é considerada, desde o primeiro instante, obra-prima de Deus.
“O fato de uma filha de Adão ser concebida sem culpa original, é o exórdio da nova era de paz e de reconciliação que Cristo trouxe à Terra”.
Arco-íris que une a Igreja triunfante à Igreja militante
Ilustrando seu discurso sobre o Santo Nome de Maria, comenta São Bernardino de Siena:
“As estrelas do firmamento servem para manter a ordem e a estabilidade no mundo inferior: elas são como as medianeiras entre o Céu e a Terra. Tal é, precisamente, a função da Bem-aventurada Virgem, Senhora e Rainha deste mundo. Ela une e concilia a Igreja Triunfante à Igreja Militante. Seu nascimento anuncia que, doravante, existirá a paz entre o Céu e a Terra.
“Ela é o arco-íris dado pelo Senhor a Noé em sinal de aliança, e como penhor de que o gênero humano não será mais destruído. E por quê? Porque é Ela que trouxe à luz Aquele que é nossa paz, Aquele que de duas naturezas fez uma só pessoa, Aquele que reúne em si mesmo Deus e o homem, para confirmar a paz” 
Arco-íris da esperança, em meio às provações deste vale de lágrimas
Elevada e piedosa relação entre a figura do arco-íris e a Santíssima Virgem, estabelece o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “Neste vale de lágrimas em que somos peregrinos, tentações, sofrimentos e perplexidades são inerentes a toda a vida espiritual. Contudo, em meio às nossas dores e aflições morais, sempre vislumbramos a esperançosa figura de um arco-íris: Maria Santíssima!
“Ela nos acompanha em nossa peregrinação rumo à Pátria Celestial, ajudando-nos em todas as vicissitudes, envolvendo-nos com seu maternal, constante e infatigável amor, o qual nenhuma infidelidade pode esmorecer, e que reiterados atos de bondade, deste emanados, não o lograrão extinguir” .
Arco-íris que aplaca a cólera divina
Semelhante pensamento desenvolve o Pe. Jourdain, em sua obra dedicada às grandezas de Maria: “O arco-íris alegra a Terra e lhe proporciona uma chuva abundante e benfazeja. Do mesmo modo, Maria consola os fracos, enchendo de júbilo os aflitos e inundando copiosamente os áridos corações dos pecadores, pela fecunda chuva da graça. [...]
“Deus contempla esse seu arco-íris — Maria Santíssima — estendendo sua proteção sobre a Terra. E apesar dos pecados dos homens, apesar das nuvens acumuladas pela sua justa cólera, Ele se lembra de sua misericórdia. É bem se referindo a Maria que Deus diz a Noé:
«Porei o meu arco nas nuvens e ele será o sinal da aliança entre Mim e a Terra»” 
Arco-íris formado com os sete dons do Espírito Santo
Com expressiva unção, o Pe. Thiébaud assim interpreta esse símbolo de Nossa Senhora:
“Quando, depois de uma tempestade, percebemos o arco-íris baixando das nuvens sobre a Terra, não podemos nos impedir de admirar esse belo manto, tecido com as sete cores primitivas, verdadeiro símbolo da misericórdia. Mas, o esplendor desse fenômeno logo se eclipsa em presença de Maria, na qual os sete dons do Espírito Santo refulgiram com tanta magnificência. Se, durante a tormenta do Calvário, Maria quis tomar o nome de Nossa Senhora das Sete Dores, foi também para que sua rica vestimenta, refletindo esperança, se tornasse para nós um verdadeiro arco-iris, nas tristes circunstâncias de nossa vida”.
Em Maria, Deus cumpre sua promessa de aliança com o mundo
Ainda sobre essa luminosa prefigura da Virgem, comenta outro ilustre mariólogo:
“O arco que Deus fez aparecer entre as nuvens, para tranquilizar a seu servidor Noé e aos descendentes deste; para ser um fúlgido testemunho de sua reconciliação com o mundo, do pacto que Ele contraiu com toda carne vivendo sobre esta Terra; esse arco-íris, que não cintila senão de um brilho emprestado aos raios do sol, não é ele também uma tocante imagem de Maria, Mãe de Jesus, pela qual Deus cumpriu sua promessa, uma vez que d’Ela saiu Aquele em quem são abençoadas todas as nações?” 

O arco-íris é, pois, gracioso símbolo de Nossa Senhora, “reconciliadora do Céu com a Terra. É Maria o instrumento da aliança entre Deus e os homens. Quando nossas iniquidades irritam ao Senhor e pedem vingança, a Santa Virgem intervém, e tão eficazmente, que Deus se deixa flectir e perdoa: Refugium peccatorum, ora pro nobis — Refúgio dos pecadores, rogai por nós!” 

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