Belo íris celeste
A
Terra retornara à sua normalidade, depois da grande e terrível inundação do
dilúvio. Noé, juntamente com seus filhos e todos os animais salvos do castigo,
haviam desembarcado. Iria recomeçar a história do mundo.
Após
abençoar ao seu fiel servo, Deus disse a Noé (Gen. IX, 9-17):
“Eis
que vou fazer minha aliança convosco e com a vossa posteridade depois de vós, e
com todos os animais viventes, que estão convosco, tanto aves, como animais
domésticos e animais selváticos, que saíram da Arca, e com todas as bestas da
Terra. Farei a minha aliança convosco, e não tornará mais a perecer toda a
carne pelas águas do dilúvio, nem haverá mais para o futuro, dilúvio que assole
a Terra.
“E
Deus disse: Eis o sinal da aliança, que faço entre Mim e vós, e com todos os
animais viventes, que estão convosco, por todas as gerações futuras: Porei o
meu arco nas nuvens, e ele será o sinal da aliança entre Mim e a Terra.
“E,
quando Eu tiver coberto o céu de nuvens, o meu arco aparecerá nas nuvens, e me
lembrarei da minha aliança convosco e com toda a alma vivente que anima a
carne; e não voltarão as águas do dilúvio a exterminar toda a carne (que vive).
E o arco estará nas nuvens, e Eu o verei, e me lembrarei da aliança eterna que
foi feita entre Deus e todas as almas viventes de toda a carne que existe sobre
a Terra.
“E
Deus disse a Noé: Este será o sinal da aliança que eu constituí entre Mim e
toda a carne (que vive) sobre a Terra.”
A Imaculada
Conceição: princípio da era de paz entre Deus e os homens
Se,
pois, um lindo e diáfano arco-íris nos evoca o solene pacto estabelecido entre
Deus e os homens viventes, deve aquele nos recordar, também, a Santíssima
Virgem, de quem é harmoniosa figura.
Com
efeito, o íris de bonança “encerra um simbolismo de reconciliação entre Deus e
os homens, e de paz, quer historicamente (Gênesis), quer literariamente. Os
dois caracteres que nele se encontram — beleza e pacificação — vemo-los
realizados em Maria, na sua imaculada beleza que é considerada, desde o
primeiro instante, obra-prima de Deus.
“O
fato de uma filha de Adão ser concebida sem culpa original, é o exórdio da nova
era de paz e de reconciliação que Cristo trouxe à Terra”.
Arco-íris que une
a Igreja triunfante à Igreja militante
Ilustrando
seu discurso sobre o Santo Nome de Maria, comenta São Bernardino de Siena:
“As
estrelas do firmamento servem para manter a ordem e a estabilidade no mundo
inferior: elas são como as medianeiras entre o Céu e a Terra. Tal é, precisamente,
a função da Bem-aventurada Virgem, Senhora e Rainha deste mundo. Ela une e
concilia a Igreja Triunfante à Igreja Militante. Seu nascimento anuncia que,
doravante, existirá a paz entre o Céu e a Terra.
“Ela
é o arco-íris dado pelo Senhor a Noé em sinal de aliança, e como penhor de que
o gênero humano não será mais destruído. E por quê? Porque é Ela que trouxe à
luz Aquele que é nossa paz, Aquele que de duas naturezas fez uma só pessoa,
Aquele que reúne em si mesmo Deus e o homem, para confirmar a paz”
Arco-íris da
esperança, em meio às provações deste vale de lágrimas
Elevada
e piedosa relação entre a figura do arco-íris e a Santíssima Virgem, estabelece
o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “Neste vale de lágrimas em que somos
peregrinos, tentações, sofrimentos e perplexidades são inerentes a toda a vida
espiritual. Contudo, em meio às nossas dores e aflições morais, sempre
vislumbramos a esperançosa figura de um arco-íris: Maria Santíssima!
“Ela
nos acompanha em nossa peregrinação rumo à Pátria Celestial, ajudando-nos em
todas as vicissitudes, envolvendo-nos com seu maternal, constante e infatigável
amor, o qual nenhuma infidelidade pode esmorecer, e que reiterados atos de
bondade, deste emanados, não o lograrão extinguir” .
Arco-íris que
aplaca a cólera divina
Semelhante
pensamento desenvolve o Pe. Jourdain, em sua obra dedicada às grandezas de
Maria: “O arco-íris alegra a Terra e lhe proporciona uma chuva abundante e
benfazeja. Do mesmo modo, Maria consola os fracos, enchendo de júbilo os
aflitos e inundando copiosamente os áridos corações dos pecadores, pela fecunda
chuva da graça. [...]
“Deus
contempla esse seu arco-íris — Maria Santíssima — estendendo sua proteção sobre
a Terra. E apesar dos pecados dos homens, apesar das nuvens acumuladas pela sua
justa cólera, Ele se lembra de sua misericórdia. É bem se referindo a Maria que
Deus diz a Noé:
«Porei
o meu arco nas nuvens e ele será o sinal da aliança entre Mim e a Terra»”
Arco-íris formado
com os sete dons do Espírito Santo
Com
expressiva unção, o Pe. Thiébaud assim interpreta esse símbolo de Nossa
Senhora:
“Quando,
depois de uma tempestade, percebemos o arco-íris baixando das nuvens sobre a
Terra, não podemos nos impedir de admirar esse belo manto, tecido com as sete
cores primitivas, verdadeiro símbolo da misericórdia. Mas, o esplendor desse
fenômeno logo se eclipsa em presença de Maria, na qual os sete dons do Espírito
Santo refulgiram com tanta magnificência. Se, durante a tormenta do Calvário,
Maria quis tomar o nome de Nossa Senhora das Sete Dores, foi também para que
sua rica vestimenta, refletindo esperança, se tornasse para nós um verdadeiro
arco-iris, nas tristes circunstâncias de nossa vida”.
Em Maria, Deus
cumpre sua promessa de aliança com o mundo
Ainda
sobre essa luminosa prefigura da Virgem, comenta outro ilustre mariólogo:
“O
arco que Deus fez aparecer entre as nuvens, para tranquilizar a seu servidor
Noé e aos descendentes deste; para ser um fúlgido testemunho de sua
reconciliação com o mundo, do pacto que Ele contraiu com toda carne vivendo
sobre esta Terra; esse arco-íris, que não cintila senão de um brilho emprestado
aos raios do sol, não é ele também uma tocante imagem de Maria, Mãe de Jesus,
pela qual Deus cumpriu sua promessa, uma vez que d’Ela saiu Aquele em quem são
abençoadas todas as nações?”
O
arco-íris é, pois, gracioso símbolo de Nossa Senhora, “reconciliadora do Céu
com a Terra. É Maria o instrumento da aliança entre Deus e os homens. Quando
nossas iniquidades irritam ao Senhor e pedem vingança, a Santa Virgem intervém,
e tão eficazmente, que Deus se deixa flectir e perdoa: Refugium peccatorum, ora pro nobis — Refúgio dos pecadores, rogai
por nós!”
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